As identificações que
propomos neste capítulo tiveram em consideração os factos históricos e a
relação de proximidade de cada uma destas personagens com o infante D. Pedro.
O grupo reunido em torno
da figura santificada do painel do Arcebispo, representa as pessoas de relevo
que apoiaram o infante D. Pedro nos acontecimentos que o levaram à regência do
reino (Dezembro de 1439) e/ou também que estiveram presentes na batalha de
Alfarrobeira (20 de Maio de 1449).
Nos painéis dos Frades,
dos Pescadores e da Relíquia visualizamos igualmente outros apoiantes do
regente.
D. Álvaro Vaz de Almada
A figura que está por
detrás do infante D. Pedro é D. Álvaro Vaz de Almada, que assume uma posição
semelhante à de um guarda-costas (fig.11)[1].
As ligações entre ambos
remontam à tomada de Ceuta em 1415, local onde foram armados cavaleiros: o
infante D. Pedro através do seu pai e D. Álvaro pelo próprio infante D. Pedro.
Fig.11
Em Junho de 1423 D.
Álvaro[2]
foi nomeado, por D. João I, capitão-mor da frota real. Fez parte do grupo que
acompanhou o infante D. Pedro na longa viagem que este efectuou pela Europa e
que terminou em 1428. Participou na frustrada tentativa da tomada de Tânger em
1437, onde ficou ferido. No regresso fez um relato dos trágicos acontecimentos,
ao rei D. Duarte e ao infante D. Pedro.
Após a morte de D. Duarte assume o partido do duque de Coimbra nas lutas em torno da disputa pela regência. Está presente quando o infante comenta (Agosto de 1439), perante o irmão, o infante D. João, o papel insignificante que tinha na co-regência acordada nas cortes de Torres Novas de 1438.
Teve uma acção
importante quando é indicado pelos vereadores da cidade de Lisboa para assumir
a chefia do movimento: “… e como para
terem por cabeça alguma pessoa que por ella os resistisse, lhe era necessario
enlegerem e tomarem alferes, apontando logo o capitão Alvaro Vaz d'Almada, que da cidade fôra o derradeiro alferes,
como por outros muitos e mui dinos merecimentos e louvores que d'elle com
verdade recontou; no que todos consentiram, e por dois cidadãos o enviaram logo
chamar, por quanto era fóra da cidade; e em chegando á ribeira, sendo já sabido
a determinação sobre que vinha, se ajuntou com elle a mór parte da cidade, e
assi acompanhado com grande honra foi levado á Camara, onde por os vereadores
com certas cerimonias e largas palavras de grande seu louvor e muita confiança,
lhe foi entregue a bandeira da cidade com suas condições; e elle a recebeu com
palavras cortezes e discretas,…” [3]
Logo a seguir (Setembro
de 1439) estes vereadores pedem a D. Álvaro para se ir encontrar com o infante
D. João, que estava em Alcochete, e convencê-lo a abraçar a causa do duque de
Coimbra de uma forma mais activa. A partir daqui é D. João que passa a assumir
a coordenação deste movimento que tinha em vista a atribuição da regência
unicamente ao infante D. Pedro.
D. Álvaro Vaz de Almada
participa (Outubro de 1439) na reunião em que os representantes da capital
acordam que a regência deveria ser entregue apenas ao duque de Coimbra. A sua
intervenção nesta reunião é claramente de apoio ao duque de Coimbra: “… em que concludiu mais além, que era grande
perigo e aleijão, El-Rei ser mais criado em poder de mulheres; e não menos erro
reger a Rainha, não sem muitos merecimentos e grandes louvores d'ella, que
tambem apontou para ser sempre servida e acatada; e que o Infante D. Pedro
devia reger.” [4]
O infante D. Pedro, após
ter assumido o governo do reino, reconhece os serviços prestados por D. Álvaro
ao atribui-lhe o cargo de alcaide-mor do castelo de Lisboa (Abril de 1440).
Este é mais tarde nomeado (Agosto de 1445), por Henrique VI de Inglaterra,
cavaleiro da ordem da Jarreteira como reconhecimento do comportamento que teve
na guerra que os ingleses travavam contra a França, ao mesmo tempo que era
agraciado com o título de conde de Avranches (localidade da Normandia, ao tempo
sob o domínio inglês).
A partir de Junho de
1448, data em que D. Afonso V atinge a maioridade e assume plenamente o poder,
aumentam as intrigas junto do rei por parte dos inimigos do infante D. Pedro,
de modo a colocá-lo contra o sogro. Passados meses (Setembro de 1448) D. Álvaro
Vaz de Almada chega a Lisboa, vindo de Ceuta, onde toma uma posição clara a
favor do infante D. Pedro “…com mui
esforçado coração e singular aguardecimento, com que ante El-Rei e os de sua
côrte, no publico e no secreto defendia muito a honra e estado do Infante D.
Pedro, com claros exemplos e vivas razões de sua mui louvada lealdade, afeando
muito com grande audacia os movimentos e maldades que seus imigos tão sem causa
contra elle moviam.” [5]
Parte depois em direcção a Coimbra para se juntar ao infante seu amigo. Este
facto terá estado na destituição do seu posto de alcaide-mor da capital
(Dezembro de 1448).
As acções contra o duque
de Coimbra continuam, o que leva os dois partidos em confronto a assumirem
posições cada vez mais extremas. D. Afonso V ordena ao infante D. Pedro a
entrega das armas que este tinha em Coimbra, ao que o infante se recusa a
fazer. A seguir o rei manda vir o duque de Bragança à corte acompanhado com os
seus homens de armas, cujo percurso mais directo seria através das terras do
ducado de Coimbra. Perante esta ameaça, D. Álvaro Vaz de Almada acompanhado de
um pequeno contingente mostrou-se perante as forças do duque de Bragança, cujo
resultado foi o desvio destas hostes em direcção à serra da Estrela, que
atravessaram com grande dificuldade.
O contínuo agravamento
de tensões leva o infante D. Pedro a reunir (início de Maio de 1439) os seus
conselheiros com vista a uma tomada de posição clara sobre o modo de responder
às ameaças do rei. O infante escolhe, entre as três opções que lhe foram
expostas, a posição defendida pelo conde de Avranches que consistia em partirem
em direcção às forças de D. Afonso V: “antes
morrer grande e honrado, que viver pequeno e deshonrado, e que para isso
vestissem todos os corpos de suas armas, e os corações armassem principalmente
de muita fortaleza, e que se fossem caminho de Santarem, não como gente sem
regra desesperada nem desleal, mas como homens d'acordo, e que iam sob a
governança e mando de um tal Principe e tal capitão, que a El-Rei seu Senhor
sobre todos era mais leal e servidor mais verdadeiro, e que mandasse a El-Rei
pedir e requerer, que com justiça o ouvisse com seus imigos, que lhe tão sem
causa tanto mal ordenavam, ou lhe desse com elles campo, em que de suas
falsidades e enganos, elle por sua limpeza e lealdade faria que se conhecessem
e desdissessem. E quando El-Rei alguma d'estas cousas não houvesse por bem, e
todavia quizesse vir sobre elle, que então defendendo-se morressem no campo
como bons homens e esforçados cavalleiros” [6]
Uns dias depois, em
conversa particular com D. Álvaro Vaz de Almada, o infante propõe-lhe um pacto
em que cada um procurasse a morte quando um deles morresse: “…porém em vós sobre todos tomei esta
confiança, assi pela irmandade que comigo merecestes ter na santa e honrada
Ordem da Garrotea em que somos confrades, como por criação que vos fiz, e
principalmente pela certidão que de vossa bondade e esforço tenho ha muito
conhecido, e por tanto quero saber de vós, se no dia que d'este mundo me
partir, querereis tambem ser meu companheiro, e com isso lembre-vos para
satisfazerdes aos primores de vossa honra, que sendo vós tão conhecidamente meu
criado e servidor, e tão publico imigo do conde d'Ourem e Arcebispo de Lisboa,
depois de minha morte não podeis ter vida, salvo reservada para com mãos
d'algozes a perderdes em lugares vis, e com pregões deshonrados.” [7] Esta proposta teve um imediato
acolhimento por parte do conde de Avranches: “Senhor, respondeu o conde, para caso de tamanho contentamento, como
foi sempre e é para mim viver e morrer por vosso serviço, muitas palavras nem
os encarecimentos não são necessarios, eu vos tenho muito em mercê escolherdes-me
para tal serviço, e eu sou muito contente ter-vos essa companhia na morte, assi
como vo-la tive na vida, e se Deus ordenar que d'este mundo vossa alma se
parta, sede certo que a minha seguirá logo a vossa, e se as almas no outro
mundo podem receber serviço umas das outras, a minha n'esse dia irá acompanhar
e servir para sempre a vossa.” [8] A celebração deste compromisso é a
prova insofismável da profunda amizade que existiu entre ambos.
As forças do infante D.
Pedro partem então de Coimbra rumo a Lisboa, onde o antigo regente esperava
contar novamente com o apoio da sua população. O corpo principal era comandado
por D. Álvaro. As hostes de D. Afonso V encontravam-se em Santarém. Entretanto
o rei vai sendo informado sobre os movimentos do exército contrário e, quando
teve conhecimento de que esse contingente já tinha ultrapassado a cidade onde
se encontrava, dá ordens para que as suas forças se aproximem das do seu sogro.
Esse encontro dá-se junto ao ribeiro de Alfarrobeira, próximo de Alverca, local
onde se trava a batalha no dia 20 de Maio de 1449.
O infante D. Pedro, após
lutar nos locais onde o confronto era mais intenso, cai atingido por uma seta
que lhe acerta no coração e que lhe vai provocar a morte. O conde de Avranches
ao ter conhecimento deste facto: “...
tomou suas armas para com ellas honrar sua sepultura, que era a terra em que
havia de cair, e sahio a pé pelo arraial, que de todalas partes era já entrado
e vencido, e como foi conhecido logo os d'El-Rei uns sobre os outros carregaram
sobr'elle cometendo-o de todas as partes para o matar, mas elle logo com uma
lança que cortaram, e depois com sua espada os feria e escarmentava de maneira,
que os que a primeira vez o cometiam, de mortos ou feridos não volviam a elle a
segunda, e assi pelejou um grande pedaço como mui valente e acordado
cavalleiro, não sem grande espanto dos que o viam trazendo as mãos e todas suas
armas cheias não de seu sangue mas de muito alheio que espargeo, porque
emquanto andou em pé e se pôde revolver, nunca sua carne recebeu golpe que a
cortasse. E em fim vencido já de muito trabalho e longo cansaço, disse em altas
vozes;—Ó corpo, já sinto que não podes mais, e tu minha alma já tardas—e com
isto se leixou cair tendido no chão, e uns dizem que disse,—ora fartar rapazes
e outros ora vingar villanagem. Cujo corpo que já não resistia, foi logo de
tantos golpes ferido, que em breve despedio a alma de si para ir acompanhar a
do Infante como lhe tinha promettido…” [9]
D. Álvaro Vaz de Almada cumpria assim o pacto celebrado com o seu grande amigo
de longa data.
Repare-se como o pintor
os retrata como irmãos de armas, que de facto foram, enquadrando-os entre duas
lanças (cada um segura a sua) e ilustrando deste modo a união e amizade que
sempre existiu entre ambos.
D. Jaime
Somos levados a crer que
o jovem colocado atrás do regente será D. Jaime, um dos filhos do duque de
Coimbra (fig.12)[10].
Recordamos que o infante
D. Pedro teve três filhos varões: D. Pedro (1429-1466), D. João (1431-1457) e
D. Jaime (1434-1459).
O filho mais velho, na
altura condestável de Portugal, encontrava-se na região de
Entre-Tejo-e-Guadiana e refugiou-se em Castela após a batalha de Alfarrobeira.
Quanto ao filho do meio há poucos registos sobre a sua actividade nesta altura,
sabendo-se apenas que ficou preso na sequência daquele combate. Resta-nos o
filho mais novo.
Fig.12
Foi libertado no início de 1450 após a pressão exercida pela sua tia, D. Isabel duquesa da Borgonha, junto de D. Afonso V tendo depois sido recolhido e protegido na corte ducal. Esta libertação associada à restituição dos seus bens, direitos e títulos, permitiu um certo clima de apaziguamento entre a duquesa de Borgonha e o seu sobrinho, o rei de Portugal. Ficava pendente a concretização, por parte do rei, de uma sepultura digna para os restos mortais do ex-regente.
Esta figura enverga na
pintura uma cota de malha que será trocada no futuro pelos paramentos da
liturgia religiosa: veja-se o facto de ter como pano de fundo o pluvial do
Arcebispo e de estar posicionada entre a lança e o báculo, como que a ilustrar
essa evolução futura. A colocação da jóia com pérolas por cima da sua cabeça,
também é importante, simbolizando a vida virtuosa pela qual mais tarde seria
reconhecido. Finalmente vê-se que o barrete que lhe cobre a cabeça, constituído
por duas partes, se encontra unido por quatro laços. Para nós isto significa
que algo que esteve separado foi posteriormente ligado ou, por outras palavras,
que se deu uma reconciliação em que interveio esta figura. Pensamos que
simboliza o restabelecimento das relações, embora parciais, ocorrido entre a
duquesa de Borgonha e o rei português, após a libertação de D. Jaime.
Infante D. João
A personagem ajoelhada
em primeiro plano frente a D. Pedro, é o irmão o infante D. João (Fig13)[12].
Fig.13
O ar adoentado da fisionomia deste infante revela que tinha problemas de saúde, o que é confirmado na crónica de Rui de Pina. Assim quando o seu outro irmão, o rei D. Duarte, morre (Setembro de 1438), “o Infante D. João, que era doente em Alcacere do Sal, a que por grande resguardo da Infante sua mulher, a morte d'El Rei seu irmão não foi descoberta se não depois que foi retornado em sua saude, a que não fossem contrairas novas para elle tão tristes.” [13] Mais tarde (Agosto de 1439) quando se estremavam as posições entre as duas facções (D. Pedro versus D. Leonor) “O Infante D. João a este tempo era doente em Alcochete; e enviou ao Infante D. Pedro que fosse, como foi, ve-lo,...” [14] Este irmão de D. Pedro morreu ainda relativamente novo, com 42 anos (1442), de uma enfermidade “em a villa d'Alcacere do Sal acabou sua vida de febre, d'onde levaram seu corpo ao mosteiro da Batalha, onde tem sua sepultura” [15]
As ligações de proximidade entre os dois remontam, segundo as crónicas, ao período em que ambos se opuseram à expedição que visava a conquista de Tanger no ano de 1437. Este objectivo acabou num fracasso completo, tendo o irmão mais novo, D. Fernando, ficado refém como garantia de que a cidade de Ceuta seria devolvida em troca da sua libertação. D. João e D. Pedro defendem depois, também em conjunto, a devolução imediata da cidade conquistada em 1415. Contudo esta posição não sai vencedora nas cortes de Leiria de 1438 e o Infante Santo irá continuar preso até à sua morte em 1443.
O infante D. João
interveio também activamente ao lado do irmão na crise da regência.
Foi perante ele que o
infante D. Pedro desabafou (Agosto de 1439) quando, já farto do pequeno papel
que desempenhava na co-regência, a “sua
vontade era, por muitas razões que apontou, leixar aquelle pequeno cargo que
lhe fôra dado, e ir-se para suas terras.” [16]
O infante D. João aconselhou-o a se manter no cargo e prometeu-lhe o total
apoio na próxima reunião de cortes de modo a fosse indicado como regente único.
Entretanto em Lisboa a
agitação e o confronto entre as duas facções aumentava e o clima de uma guerra
civil começa a pairar no ar. Perante esta situação o infante D. João em nova
reunião com o irmão (finais de Agosto de 1439) recomenda “nomearde-vos logo por Regedor do reino in solido. E para sosterdes
vossa empresa tendes em vossa ajuda mui certos a mim e ao conde d'Ourem que
aqui está comigo; e assi a cidade de Lisboa que vo-lo requere; e comvosco serão
outros muitos que nos ajudarão n'esta contenda;” [17]
D. Pedro não aceita esta proposta, apesar de reconhecer o desprezo a que era
votado por parte da nobreza afecta à rainha. Acrescentou que esperaria pelas
cortes e que só ficaria como regente único se assim fosse decidido.
Por esta altura começa a
pairar a ameaça de uma invasão castelhana de apoio à rainha. D. Pedro reage e
parte em direcção o seu ducado de Coimbra para reunir um exército.
Em Lisboa o clima de
insurreição cresce e os dirigentes locais pedem a D. Álvaro Vaz de Almada que
vá convencer o infante D. João, que se encontrava em Alcochete, para que este
lhes conceda o seu apoio à causa revolucionária. D. João veio logo e louvou o
apoio que a população de Lisboa dava ao seu irmão.
Na câmara de Lisboa é
aprovado e assinado (Outubro de 1439) um acordo que afirmava que o poder devia
ser entregue apenas ao infante D. Pedro. Este acordo foi logo apresentado ao
Infante D. João que lhe deu a sua aprovação e louvor.
O infante D. Pedro que
já se encontrava nesta altura nos arredores de Lisboa com o seu exército, após
o regresso da sua viagem a Coimbra, recebe uma delegação da cidade de Lisboa
que lhe dá conhecimento do teor do acordo. Esta convida-o a entrar na cidade,
local onde é recebido pelo seu irmão João e por representantes da capital.
Ficará na cidade para
assistir às cortes que se realizarão apenas no mês de Dezembro. Entretanto com
a aproximação da reunião de cortes dá-se um desanuviamento na agitação de rua.
Nas cortes de Lisboa “o Infante D. João se levantou em pé e disse
que algumas cousas que a todos ali queria propoer por serviço de Deus e
d'El-Rei, e bem do reino, por não estar por então em disposição de per si as
poder dizer, encomendou ao doutor Diogo Affonso Mangancha que por elle as
dissesse, pedindo-lhes que logo o ouvissem. O doutor que era presente, cessando
todo o rumor, propoz uma arenga grande e bem dita, cuja sustancia foi aprovar
em nome do Infante D. João, que fôra bem feito enleger o Infante D. Pedro por
só Regedor, contradizendo o accordo e determinação das côrtes de Torres Novas,
em que o Infante não fôra, e de si mostrou com claras razões, aprovadas por
Direito Divino e Humano, e autorizadas por claros exemplos, que mulher não
devia ter Regimento.” [18]
O infante D. Pedro, já
no cargo de regente, nomeia o irmão defensor da região de Entre-Tejo-e-Guadiana
para onde a rainha e seus partidários se tinham refugiado após as últimas
cortes. Pairavam ainda ameaças de invasões castelhanas para apoiar D. Leonor. O
infante D. João desempenha um papel crucial nas acções de cerco ao castelo do
Crato, onde se encontrava a rainha. Esta acaba por abandonar o país (Dezembro
de 1441) e refugia-se em Castela onde acabará por falecer.
A grande amizade
existente entre os dois irmãos ficou descrita, no capítulo da Crónica de D. Afonso V referente à morte
do infante D. João, nestes termos: “E o que de sua morte e privação mostrou
sobre todos ser mais triste e anojado, foi o Infante D. Pedro que era em
Coimbra, onde como soube de seu fallecimento, cahiu de verdadeiro nojo em cama
á morte, não havendo em sua enfermidade outra causa, e não era sem razão;
porque eram irmãos que sem cautella e mui verdadeiramenta se amaram, e foram
sempre em todo mui conformes, e o amor que o Infante D. Pedro lhe tinha não
ficou sem experiencia de ser mui conhecido; porque não sómente na vida, mas
depois da morte muito mais claro em todas suas cousas lh'o mostrou;” [19]
Este infante era na
altura o grão-mestre da ordem de Santiago, isto é, era a cabeça da ordem em Portugal. Esta figura tem precisamente na
cabeça um barrete com uma medalha, cuja cor roxa está associada a esta ordem
militar. O infante D. Pedro tem um barrete idêntico com a mesma cor, o que pode
simbolizar e indicar os laços de irmandade existentes entre ambos.
O infante D. João
descansa as mãos sobre a espada mostrando-nos assim que, pelo facto de já ter
falecido, já não pôde erguer a arma em defesa do irmão na batalha de
Alfarrobeira, embora o tenha feito em outras ocasiões como acabámos de relatar.
O Condestável D. Pedro
A figura que se encontra
por detrás do infante D. João deve ser o condestável D. Pedro, filho do regente
e futuro rei de Aragão. Foi nomeado para este cargo em 1443 quando o pai
desempenhava funções governativas. Na altura dos acontecimentos que terminaram
em Alfarrobeira encontrava-se no Alentejo, atento ao movimento de tropas que
poderiam vir do outro lado da fronteira. Na sequência do resultado da batalha,
exilou-se em Castela, “…fugido e
desterrado em Castella, pedindo esmollas a quem já fizera mercê…” [20],
ou como o próprio escreve “…Ferio nuestra
casa, mi padre matando, …e mí desterrando injustos sietaños poço mas o menos,…”
[21]
de onde retornaria em 1456 após ter obtido o perdão do seu primo, o rei D.
Afonso V.
Após o seu regresso colabora com os rei nas acções militares que se desenrolavam no norte de África. É desta zona que parte quando aceita o convite feito pelos representantes da Catalunha, que se encontravam em luta com o rei de Aragão, para que assumisse a coroa deste reino, na qualidade de herdeiro já que a sua mãe, D. Isabel, era filha de Jaime II conde de Urgel e de Isabel infanta de Aragão. O seu reinado, marcado pela guerra civil, dura apenas dois anos (1464-1466) e termina com a sua morte.
Repare-se na sua postura
militar: assume a atitude própria de um condestável no terreno de operações,
estando vigilante e atento a qualquer movimentação, enquanto que segura uma
lança na mão. Dirige o seu olhar para o pai, como que a lamentar a sua ausência
da trágica batalha.
Repare-se que a cor do
seu barrete é igual à do seu irmão D. Jaime, como que a indicar-nos também a
existência de laços familiares entre ambos.
As moedas cunhadas na
Catalunha com a sua esfinge (fig.14) [22],
apesar da falta de rigor de pormenores próprios da qualidade da cunhagem desta
época, denotam traços comuns com o rosto que vemos nos Painéis (fig.15) [23].
Repare-se no formato do nariz, nos papos dos olhos, nos lábios grossos e ainda
no formato do queixo. Estes detalhes permitem-nos, com alguma confiança,
defender a nossa hipótese de identificação.
O Arcebispo
A identificação do
arcebispo, que desenvolvemos no capítulo seguinte, pretende, utilizando a
simbologia associada às pérolas da jóia (a pureza de sentimentos), sinalizar um
arcebispo da 2ª metade do século XV que se enquadre nestes princípios e que ao
mesmo tempo tenha estado próximo do infante D. Pedro.
Doutor Diogo Afonso Mangancha
A figura do letrado,
colocada no canto superior direito do painel do Arcebispo, deve ser o doutor
Diogo Afonso Mangancha, formado em direito. A sua presença justifica-se pelo
apoio público que manifestou, mais do que uma vez, a favor da causa do infante
D. Pedro (fig.16)[24].
Fig.16
Este jurista é um dos
que toma a iniciativa de convocar uma reunião na câmara, na sequência da
agitação da população de Lisboa contra a rainha regente. Neste ajuntamento, que
ocorre em Outubro de 1439, “…o doutor
Diogo Affonso propoz sua falla, em que logo com muitas e vivas rasões tocou os
erros que havia em o Regimento do reino ser repartido, como fôra em Torres
Novas; e assi com determinações do Direito Canonico e Civil, e com auctoridades
do Testamento Novo e Velho, e com exemplos d'historias antigas reprovou
Regimento publico ser dado a mulher, porque excludio a Rainha; e com outras de
não menos rasão e auctoridade provou que devia ser dado a homem barão, em que
houvesse as virtudes e calidades que todas achou com verdade no Infante D.
Pedro, para o qual concludio que devia ser requerido e forçado para isso,
quando por sua vontade o não quizesse acceitar.” [25]
Dois meses mais tarde
ocorre o início dos trabalhos das cortes de Lisboa onde o infante D. João
encomendou ao doutor Diogo Afonso, como já referimos no capítulo anterior, uma
intervenção em seu nome.
Nestas cortes foi
aprovado, finalmente com carácter formal, a atribuição do cargo de regente ao
infante D. Pedro. As sessões foram encerradas com a presença de D. Afonso V e
coube novamente ao doutor Mangancha, desta vez em nome do rei, fazer a alocução
onde o soberano decidia “aprovar e confirmar
a enleição por elles feita de o Infante D. Pedro para por elle reger, e
agardecer-lhes e prometer-lhes mercês, honras e liberdades pela assi fazerem, e
assi encommendar ao Infante que o fizesse assi bem e direitamente, como d'elle
confiava, e mandar a todos que lh'obedecessem, como á sua propria pessoa.” [26]
Este notável jurista e
orador efectua a sua última intervenção pública nas cortes de Lisboa, reunidas
em Janeiro de 1446, para o acto de transmissão de poderes do regente para o
jovem rei, que atingia então a idade de catorze anos. Faz, em nome do infante
D. Pedro, um discurso onde são expostos os motivos porque o governo deve passar
para D. Afonso V. Passados três dias produz nova oração, agora em nome do rei,
onde este louva o desempenho do regente e ao mesmo tempo lhe solicita que o
auxilie na governação do reino até se sentir em condições de o fazer sozinho.
A participação activa do
doutor Diogo Afonso Mangancha nos acontecimentos que levaram o duque de Coimbra
a regente foi por este reconhecida com diversos benefícios, onde se inclui a
doação de propriedades de apoiantes da rainha que se tinham refugiado em
Castela. O regente nomeou-o também membro do conselho do rei. Contudo, algo
deve ter estado na origem de um certo afastamento entre ambos, como se constata
no testamento do jurista de 1447 “Peço
por mercee ao Iffante Dom Pedro, que com meu testamento, nem coussas, nom aja
de ver, nem se entremeta, per bem nem per mal, e se tal coussa reccrrecer,
leixo a elRey, que per sy, e per conselho doutros, e nom delle ho determine…” [27]
Talvez este facto
explique a razão por que o doutor Diogo Afonso se encontra encostado a um
canto, quase a desaparecer, no painel do Arcebispo. Repare-se ainda na
semelhança do seu trajo com o do chamado “judeu”, presente no painel da
Relíquia, que identificaremos mais adiante também como homem de leis.
Lopo Fernandes
A personagem colocada à
direita do doutor Diogo Afonso Mangancha, como que a fazer par com este, poderá
ser Lopo Fernandes (fig.17). Ambos já tinham estado juntos quando, no papel de
dirigentes e representantes da indignação da população de Lisboa contra a
rainha, convocaram, com o apoio do infante D. João, a tal reunião da câmara de
Lisboa onde foi aprovado um acordo que defendia que a regência devia ser atribuída
apenas ao duque de Coimbra.
Vejamos como Rui de Pina
descreve a acção destes dois cidadãos, e em particular a idade de Lopo
Fernandes (que coincide com a da figura do painel): “Estando assi as cousas n'esta confusão, o doutor Diogo Affonso Mangancha
em que havia letras e ardideza com pouco repouso, e um Lopo Fernandes, tanoeiro
de Lisboa, homem velho afazendado, e de que o povo fazia grande cabeceira,
estes ou por serem afeiçoados á parte do Infante D. Pedro, ou por lhes parecer
razão elle só reger e não a Rainha, ordenaram e praticaram entre si que o
doutor fizesse na camara uma publica falla sobre isso, affirmando que todavia
era bom, antes das côrtes se fosse possivel, assi se declarar e requerer; e que
ao menos no cabo da falla conheceriam nos rostos dos mais suas vontades para
seu aviso: e era opinião que d'esto não desprazia ao Infante D. João, pelo
favor que dava e gasalhado que fazia a este tanoeiro.” [28]
D. Estêvão de Aguiar
No painel dos Frades
destaca-se em primeiro plano um membro da ordem de Cister que só pode ser,
pelas posições que sempre tomou a favor do duque de Coimbra, D. Estêvão de
Aguiar, abade do mosteiro de Alcobaça entre os anos de 1431 a 1446 (fig.18)[29].
Fig.18
A sua proximidade com a
Ínclita Geração aconteceu logo de pequeno, pois como refere José Saraiva “foi criado em casa da Infanta D. Isabel,
depois Duquesa de Borgonha…onde a serviu
de menino e depois como escudeiro” [30]
Quando o duque de
Coimbra seguiu de Lisboa, no final de Setembro de 1439, para os seus
territórios com vista a reunir forças para a eventualidade de um confronto
contra os partidários da rainha, passou por Alcobaça onde solicitou apoio ao
abade local. Este prontificou-se a disponibilizar uma hoste de quinhentos “homeens de cauallo e de pee” que estariam
prontas quando o duque regressasse a Lisboa.[31]
Pouco depois a rainha
tem conhecimento da “amizade e liança que
asi era fecta antre o dicto Senhor Ifante e o dicto dom abade” e ordena uma
acção de retaliação contra uma propriedade que pertencia ao mosteiro de
Alcobaça..[32]
Em meados de Outubro o
infante D. Pedro sai de Coimbra com uma força de cerca de 4400 homens. Nas
imediações de Alcobaça este número é aumentado em 500 unidades com a
incorporação das forças do abade. Este exército, onde vinha D. Estêvão de
Aguiar, chega a Lisboa no final do mês.[33]
Entretanto, e na
sequência de conversações travadas entre os representantes das forças
antagónicas, os ânimos acalmam, o duque manda regressar parte das suas forças e
as cortes irão decorrer durante o mês de Dezembro.
A presença do abade de
Alcobaça é ainda referenciada ao lado do duque de Coimbra, integrando um grupo
vai receber a rainha e o jovem monarca quando estes, vindos de Alenquer, se
aproximavam de Lisboa para aprovarem as decisões acordadas nas cortes. [34]
O regente reconheceu o
apoio concedido pelo abade de Alcobaça nomeando-o, logo em 9 de Janeiro de
1440, membro do conselho rei. Podemos constatar, pelo teor do documento
relativo a esta nomeação, a elevada amizade e confiança que o infante lhe
tinha: “D. Abbade amigo. O Infante D.
Pedro vos envio muito saudar, como aquelle de cujo acrecentamento virtuoso me
prazeria. Façovos saber, que esguardando eu vossa discrição, prudencia &
virtudes, & boa affieição, & amor, que aveis a ElRey meu Senhor, &
proveito de seus regnos me pareceo serdes bem pertencente para o Cõselho do
dito Senhor: & porem com acordo de meus Irmaons vos hei por Conselheiro;
posto que vos nom fosse dado juramento segundo se em tal auto acostuma: eu
confio tanto de vossa grande bondade, & lealdade, q vos guardareis aquellas
cousas, q a bom & leal conselheiro pertencem.” [35]
Foi ainda agraciado com mais privilégios como por exemplo o direito à dízima da
sardinha de S. Martinho de Alcobaça. O mosteiro ficou ainda com a posse dos
bens que o infante D. Pedro herdou após falecimento do seu irmão, D. Fernando,
em Tanger.[36]
D. Estêvão de Aguiar
aparece ainda ligado às diligências que o regente desenvolveu junto do papa
Eugénio IV para que este autorizasse a transformação do hospital de S. Elói em
convento para que aqui fosse instalado a Congregação dos Bons Homens de Vilar: “…o Infante d. Pedro…escreveu repetidas
veses ao Pontífice, até q este mandou os seus poderes a D. Estêvaõ d’Aguiar, D.
Abade d’Alcobaça, para q mettesse os nossos Cónegos de posse do hospital de S.
Eloy, a qual tomou em nome da Cõgregaçaõ o nosso P. Affonso Nogueira a 24 de
Abril de 1442.” [37]
Pêro de Serpa
O personagem de carmesim
do painel da Relíquia, geralmente aceite como um vereador da câmara de Lisboa[38],
deve ser Pêro de Serpa. Este cidadão foi precisamente um dos procuradores de
Lisboa nas cortes de Torres Novas de 1438 e de Lisboa de 1439, nas quais
manifestou o seu claro apoio ao duque de Coimbra (fig.19)[39].
Vejamos o que escreveu
Rui de Pina sobre a intervenção deste indivíduo nas cortes de Torres Novas “…os povos geralmente com outros da parte do
Infante D. Pedro requeriam o regimento para elle só sem outra ajuda nem
companhia, allegando que a Rainha por muitas razões não devia reger; e d'este
voto foram Pedro de Serpa, e Vicente Egas, cidadãos e procuradores de Lisboa,
homens honrados, bem entendidos, e de grande autoridade.” [40] E logo a seguir apresenta as palavras
que estes procuradores dirigiram ao rei: “…assi
pertence a nós enleger agora Regedor por Vós; e para serdes servido abasta que
nós o enlejamos tal, que seja natural, e do vosso real sangue, e não
estrangeiro, e em que haja virtudes, saber, e conciencia, e sobre tudo
lealdade, a que se não deva poer suspeita.” [41]
No ano seguinte, e na
sequência do acordo aprovado na câmara de Lisboa já referido atrás, Pêro de
Serpa integra o grupo que foi ao encontro do infante, quando este se dirige
para Lisboa para assistir às cortes, para lhe dar conhecimento do mesmo. “E os cidadãos enviaram logo ao Infante Pero
de Serpa, e Martim Çapata, e Ruy Gomez da Grã, e João Carreiro a notificar-lhe
o accordo passado, e pedir-lhe que ao outro dia quizesse entrar e ser seu
hospede, com fundamento, que primeiro havia de prometter e jurar que logo só
sem outra companhia nem ajuda começasse uzar do Regimento inteiramente.” [42]
Pêro de Serpa e João
Lourenço Farinha foram os procuradores do concelho de Lisboa que estiveram
presentes nas cortes desta cidade e que assinaram o acordo que aprovava a
atribuição da regência apenas ao infante D. Pedro.[43]
Aliás estes dois representantes da capital já tinham tomado a iniciativa de
contactar os procuradores dos outros concelhos de modo a apresentarem uma
posição conjunta nessas cortes, favorável ao infante D. Pedro, que se traduziu
num documento escrito: “…todos, por
auissamento e leteras enujadas dantre nos, de huãs cidades e villas aas outras,
e todas juntas em hum acordo e cada huã per sy a esta muy nobre e leall cidade
de Lixboa, escpreuemos, e ella, per ssuas graciossas cartas, a nos escpreueo,
em ssermos conformes em hum corpo enteiro e nom departido…Acordamos, por muyto
seruiço de Deus e vosso bem jeerall da rreprouica destes rregnos, que o muyto
uertuosso prinçipe e ssenhor jffante dom Pedro, vosso tyo e leall vassallo,
seja uosso titor, curador, rreguedor, gouernador e defenssor em solido, por
uos, de uossos rregnos e ssenhorio, ataa que ao Senhor Deus praza vos serdes em
vossa conprida hidade…” [44]
O empenho de Pêro de
Serpa na defesa da posição do duque de Coimbra foi recompensado quando o
regente o nomeou, em Abril de 1440, no importante cargo de requeredor e
procurador da cidade de Lisboa e de todas as outras cidades, vilas e lugares do
reino. Nesta data assumia também um lugar no conselho régio.[45]
A sua presença no painel
da Relíquia é também, e simultaneamente, um reconhecimento prestado à população
de Lisboa na pessoa do seu procurador, cuja revolta contra a rainha contribuiu
significativamente para o desfecho da crise da regência a favor do infante D.
Pedro.
Pêro de Serpa expõe a
relíquia de Santo António, que o duque de Coimbra trouxe de Pádua, quando da
sua viagem de dez anos à Terra Santa e países europeus (1418-1428), e que ficou
guardada na casa de Santo António, mandada construir pela Câmara de Lisboa no
início do século XV.
Os pescadores de Buarcos
Os pescadores de
Buarcos, que identificamos como sendo as três figuras envolvidas pela rede do
painel dos Pescadores, participaram ao lado do infante D. Pedro na batalha de
Alfarrobeira (fig.20)[46].
A presença destes homens
neste confronto é justificada pelas prerrogativas que o infante já lhes tinha
concedido, ainda no reinado de D. Duarte, na qualidade de duque de Coimbra: “Dois privilégios em benefício dos pescadores
e homens do mar de Buarcos foram alcançados do rei na referida data (Novembro
de 1433). Considerava-se que nem esses homens nem as suas barcas deveriam
servir em quaisquer encargos que se situassem fora da sua actividade normal e
que não seriam coagidos a prestar serviço na armada, à excepção da do rei e de
seus irmãos, os infantes” [47]
Este privilégio foi confirmado mais tarde pelo infante D. Pedro agora na
qualidade de regente (Junho de 1439).
Estes pescadores foram castigados por terem estado presentes naquela batalha, assim como todos os partidários do duque de Coimbra independentemente da sua classe social, como já referimos em capítulo anterior. No entanto estes homens do mar foram dos primeiros a quem o rei concedeu uma carta de perdão. Esta, datada de 3 de Julho de 1450, descreve as razões do indulto[48]: “Receavam estes homens de condição humilde «perderem seus beens», por haverem sido «costrangidos» a seguirem o Infante D. Pedro até Alfarrobeira. O rei não viu o menor inconveniente em indultá-los, visto ter sabido «que elles vieram contra suas vontades com o dicto Ifante. E de ssy que outra cousa nom teem soomente o que gaanho na dicta pescaria. E que de seus offiçios sse segue prouejto comunal e as nossas rendas muyta auantagem», pelo que eram «perdoados e releuados de toda pena em que encorressem asy no corpo como em sseus beens»” [49]. Foi perdoado também, a título individual, um certo pescador de Buarcos de nome Vasco Esteves no dia 17 de Julho de 1451[50] e o vigário desta localidade, Luís Esteves, no dia 15 de Março de 1451.[51]
[1] Cortesia Wikipedia
[2] MORENO, Humberto Baquero - A
Batalha de Alfarrobeira – Antecedentes e Significado Histórico, Vol. II.
Coimbra 1980, págs. 999-1007. N.B: as notas biográficas desta figura
basearam-se nesta obra, salvo indicação em contrário.
[3] PINA, Rui de - Op. cit., Vol I, cap.XXXI, pág. 63
[4] PINA, Rui de - Op. cit., Vol I, cap.XXXI, pág. 69
[5] PINA, Rui de - Op.cit., Vol II,
cap.XCI, pág. 35
[6] PINA, Rui de - Op. cit., Vol II,
cap.CX, pág. 77-78
[7] PINA, Rui de - Op. cit., Vol II,
cap.CXII, pág. 79-80
[8] PINA, Rui de - Op. cit., Vol II,
cap.CXII, pág. 80
[9] PINA, Rui de - Op. cit., Vol II,
cap.CXXII, pág. 102-103
[10] Cortesia Wikipedia
[11] PINA, Rui de - Op. cit., Vol II,
cap.CXXIV, pág. 106
[12] Cortesia Wikipedia
[13] PINA, Rui de - Op. cit., Vol I, cap.V, pág. 21
[15] PINA, Rui de - Op. cit., Vol II,
cap.LXXXI, pág. 10
[16] PINA, Rui de - Op. cit., Vol I, cap.XXI, pág. 44
[18] PINA, Rui de - Op. cit., Vol I, cap.XXVIII, pág. 89
[19] PINA, Rui de - Op. cit., Vol II,
cap.LXXXI, pág. 10
[20] PINA, Rui de - Op. cit., Vol II,
cap.CXXIV, pág. 106
[21] D. PEDRO, Condestável - La
Tragedia de la Insigne Reyna Doña Ysabel
– Coimbra, 1922 (2ª ed), pág. 107.
[22] Pormenor de um croat de
Catalunha-Aragão Pere IV (1464-1466)
[23]Ajustada ligeiramente, ao se reduzir a inclinação da cabeça, para
melhor confronto. Cortesia Wikipedia
[24] Cortesia Wikipedia
[25] PINA, Rui de - Op. cit., Vol I, cap.XXXVI, pág. 68-69
[26] PINA, Rui de - Op. cit., Vol I, cap.XLIX,
pág. 94
[28] PINA, Rui de - Op. cit., Vol I, cap.XXXVI,
pág. 68-69
[29] Cortesia Wikipedia
[30] SARAIVA, José, - Os Painéis do
Infante Santo, Leiria, 1925, pág. 183.
[31] MORENO, Humberto Baquero - Op.
cit., Vol I, pág. 34-35
[32] MORENO, Humberto Baquero - Op.
cit., Vol I, pág. 51
[34] MORENO, Humberto Baquero - Op.
cit., Vol I,, pág. 58
[35] SARAIVA, José, - Op. cit.,,
pág. 182
[37] SANTA MARIA, Padre Francisco de - Op.
cit., pág. 426-427
[38] CASTELLO BRANCO, Theresa Schedel de - Op. cit., pág. 95-98. Aliás já Belard da Fonseca (no 3º volume da
sua obra As Personagens e a Armaria,
Lisboa, 1959, pág.61) tinha avançado com a possibilidade desta figura ser um
vereador.
[39] Cortesia Wikipedia
[40] PINA, Rui de - Op. cit., Vol I,,
cap.XIV, pág. 32
[42] PINA, Rui de - Op. cit., Vol I,,
cap.XLV, pág. 87
[43] MORENO, Humberto Baquero - Op.
cit., Vol I,. 56-57
[44] DINIS, António Joaquim Dias – Monumenta
Henricina, Volume VII (1439-1443), Coimbra, 1965, pág.19
[45] MORENO, Humberto Baquero - Op.
cit., Vol I, pág. 11
[46] Cortesia Wikipedia
[47] MORENO, Humberto Baquero – O
Infante D. Pedro e o Ducado de Coimbra, in Revista de História, vol. 05 -
1983-1984, págs.34-35
[48] Estas razões contariam, de certo modo, o nosso argumento que pretende
justificar a presença destes pescadores em Alfarrobeira.
[49] MORENO, Humberto Baquero - Op.
cit., Vol I, pág. 617
[50] MORENO, Humberto Baquero - Op.
cit., Vol I, pág. 637
[51] MORENO, Humberto Baquero - Op.
cit., Vol I, pág. 637